Entidade que reúne líderes de diversas igrejas evangélicas pelo país, a Coalizão Pelo Evangelho publicou um manifesto em que critica o “endeusamento da ciência” no combate ao coronavírus, além de apontar a existência de uma crise de autoridade no país.

Foto: Geraldo Bubniak/AEN
 
“Testemunhamos a triste politização e o endeusamento da ciência. Dentro da comunidade científica, que poderia e deveria se apresentar de forma mais objetiva, há conflitos de dados e interpretações sobre como tratar a pandemia”, afirma o texto, que tem o título “Pela Pacificação da Nação em Meio à Pandemia”.

Ele é assinado por 17 líderes evangélicos de várias partes do país, muitos dos quais representam diversas igrejas em seus estados.

O papel da ciência tem sido frequentemente invocado no debate sobre as estratégias para vencer a Covid-19, inclusive entrando no debate político.

O termo era mencionado frequentemente, por exemplo, pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, ao defender a continuidade do isolamento social.

Outro que o repete a toda hora é o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para se contrapor ao presidente Jair Bolsonaro.

A carta dos pastores não entra no mérito da discussão sobre flexibilizar ou não a quarentena, mas traz um forte lamento sobre as consequências econômicas e sociais das atuais medidas em vigor.

“A estratégia de contenção de propagação do vírus impôs outro grande desafio, que são seus inevitáveis efeitos colaterais sociais, sendo o mais nítido a degradação da economia, que apenas começava a se recuperar após anos de estagnação”, afirma o texto.

Além disso, alerta a carta, há problemas de ordem social, moral e psicológica.

“Também se percebe um crescente comprometimento na saúde mental de muitos brasileiros, no aumento da violência doméstica, do consumo de pornografia e no de perversões, tais como a pedofilia virtual ou intrafamiliar”.

Entre os signatários, há representantes de entidades como a Convenção Batista Reformada do Brasil, o Seminário Martin Bucer, de São José dos Campos (SP), a Primeira Igreja Presbiteriana do Recife e a Visão Nacional para a Consciência Cristão, da Paraíba.

As lideranças pedem aos fiéis que sigam orando pelas autoridades federais, estaduais e municipais, e que haja cooperação entre todas as esferas de decisão, ao contrário do atual clima beligerante entre o presidente e governadores.

“Independente da posição política e ideológica de cada um, precisamos que haja um mínimo de entendimento e unidade para uma saída célere e eficaz da atual crise de saúde, econômica e política”, afirmam.

O manifesto conclama ainda que haja preces “por pacificação, pois o país precisa que o clima de conflito político e social chegue ao fim”.

“O ambiente político está contaminado por uma infindável luta ideológica e de poder que torna difícil para o brasileiro comum viver ‘vida tranquila e mansa’, em oração, como nos manda a Escritura”.

Também são lembrados no texto os profissionais da saúde, as forças de segurança e os trabalhadores brasileiros, sobretudo os desempregados.

Para os líderes evangélicos, um dos maiores desafios da atual crise é a infinidade de informações desencontradas que vêm sendo divulgadas, inclusive por meios de comunicação que estão fragilizados.

“Faz-se notória a confusão de informações e desinformações acerca de todos esses acontecimentos que nos afligem. A mídia claramente não goza da credibilidade que outrora desfrutava”, afirmam.

Fonte: FOLHAPRESS

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