Na manhã deste sábado (15) o nível do Rio Tocantins voltou a preocupar os moradores de Marabá, no sudoeste paraense, a régua fluviométrica marcava o nível de 12,76 metros acima do normal.
(Foto: Evangelista Rocha)
Foram 10 centímetros de avanço desde o início da manhã. O novo Boletim de Vazões e Níveis da Eletronorte prevê que passe dos 13 metros na manhã deste domingo (16). Esse é o maior nível do rio em 18 anos, segundo dados da ANA (Agência Nacional das Águas). Em 2004, a cheia atingiu 13,07 metros. A enchente que a atual superou foi a de 2020, quando atingiu 12,68 metros.
Na orla, a água transbordou em mais pontos da Marabá Pioneira, como na Praça São Félix de Valois, e alcançou a Toca do Manduquinha e até mesmo o Estádio Municipal Zinho Oliveira. No Bairro Francisco Coelho (Cabelo Seco), as águas do Tocantins e do Itacaiunas estão unidas sobre o piso da obra do novo mirante.
Em pronunciamento na noite de sábado (14), o governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou que ainda neste sábado enviaria de Belém carga de mil colchonetes para distribuição nos abrigos, tendo em vista que muitas pessoas perderam colchões. Disse também estar articulando junto à iniciativa privada a doação de mais cestas de alimentos e água mineral para os desabrigados.
De outro lado, o governador também anunciou estar providenciando, a pedido da Prefeitura de Marabá, a contratação da construção de mais 300 vagas de abrigo.
Estrutura
No bairro mais atingido pela cheia dos rios em Marabá, o Santa Rosa, na Marabá Pioneira, dezenas de famílias ficam ilhadas em pontos mais altos do local. O bairro teve todas as ruas atingidas pela enchente, desabrigando, só no local, mais de 800 famílias, a maior parte delas está em abrigos da Prefeitura, construídos pela Defesa Civil Municipal.
As famílias que ainda permanecem precisam se deslocar de barcos até os locais mais altos do núcleo Marabá Pioneira, para seguir ao trabalho ou escola. A Defesa Civil disponibiliza barcos para a população gratuitamente em dois pontos, no bairro de Santa Rosa e no porto da praça do Pescador, nas proximidades do Flutuante na Marechal Deodoro.
Valdeir de Moura Marques, canoeiro, trabalha no transporte das famílias na área alagada. “Esse trabalho aqui é temporário e é uma fonte de renda e trabalhamos mesmo com a casa alagada e assim vamos ajudando as pessoas”, disse.
A Defesa Civil lembra que os barcos alugados pela Prefeitura estão identificados. “Orientamos a população que busque os barcos oficiais, que são gratuitos, e estão transportando com segurança as pessoas, porém os barqueiros estão orientados a não fazer turismo com as pessoas, transportar apenas quem realmente precisa”, informou Jairo Milhomem, Coordenador da Defesa Civil.
Na manhã de sexta-feira (14), o nível do rio amanheceu em 12 metros e 56 centímetros, uma elevação de 8 centímetros nas 12 horas anteriores e atingia 2.011 famílias nos bairros da Marabá Pioneira, Liberdade, Independência, Bairro da Paz, Novo Planalto, Amapá, Folha 33, Folhas, 6, 8, 14 e 25 e núcleo de São Félix. Dessas famílias, 527 estão nos abrigos, 879 em casas de parentes e amigos, e o restante são ribeirinhos ou estão ilhadas, que ficam no segundo piso dos imóveis e resistem em sair das residências.
A Prefeitura enfatiza, ainda, que além da Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas, a Prefeitura de Marabá contratou uma empresa que trabalha na construção de novos abrigos. A Prefeitura declara que nenhuma família desabrigada ficará sem realocação nos abrigos e ainda orienta que as pessoas não fiquem nas casas alagadas e procure a Defesa Civil para fazer o cadastro. A Defesa Civil está em novo endereço na Rua 7 de Junho, nº 1020, Marabá Pioneira.
A Defesa Civil continua a construção de espaços para atender as famílias, já somam 15 abrigos preparados para receber as famílias onde estão sendo realizados, diariamente, serviços de limpeza e distribuição de água, bem como a retirada de lixo nas áreas próximas aos abrigos e instalação de banheiros químicos. A Secretaria de Assistência Social continua a entrega das cestas básicas de alimentos, doadas pelo Governo do Estado.
Os abrigos são um frente a Obra Kolping, na antiga Borges Informática, no bairro Francisco Coelho, Rua 05 de abril, Praça Paulo Marabá, Folhas 14, 31 e 32, na Avenida Sororó, dois no bairro São Félix, sendo um no Ginásio, Curral, Laje da Yamada, Galpão do Opção Calçados, e na Transmangueira. Há três abrigos não oficiais, sendo dois no bairro Santa Rosa/Z-30, Associação do Santa Rosa e na Rua das Cacimbas.
De acordo com a Defesa Civil, o Plano de Contingência está sendo executado para atender todas as famílias atingidas pela enchente. Ainda de acordo com o órgão, o nível do rio Tocantins vem subindo rapidamente. “Tivemos que seguir na construção de abrigos para atender o mais rapidamente as famílias, somente em uma semana, devido à rápida elevação do nível da água, o número de famílias atingidas, saiu de 130 para 1700 famílias atingidas, em razão disso foi disponibilizado mais caminhões e mais abrigos foram construídos em vários pontos em Marabá”, destacou Jairo Milhomem.
Doações
Quem desejar ajudar as famílias com doações, os pontos oficiais da Prefeitura para arrecadação são a sede da Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários – SEASPAC, que fica na Travessa da Fonte, bairro Amapá, Marabá – em frente ao CAP e ao lado do Ministério Público Estadual, e na sede da Defesa Civil Municipal, que está em novo endereço, na Rua 7 de Junho, nº 1020, Marabá Pioneira. A arrecadação é das 8 às 16 horas. Os itens prioritários são alimentos não-perecíveis, itens de higiene pessoal, roupas e artigos de cama, mesa e banho.
Com informações do portal Correio de Carajás