As mortes de bebês na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth foram alertadas à Saúde do Estado. Há um mês, no dia 2 de fevereiro de 2023, uma médica da unidade enviou um memorando à direção da unidade. Assim, ela informou a falta de antibióticos na UTI Neonatal, que tratam a sepse e o choque séptico. Essas doenças podem ser contraídas pelas crianças e então leva-las ao óbito.

(Foto: Divulgação / Secom-RR)

Igualmente, o documento também destacou a ausência de antifúngicos que tratam casos de sepse fúngica. Além disso, a médica informou que a equipe trabalhava com o que tinham e escalonando esquemas antibióticos. Isso, conforme destacou, iria totalmente contra todas as referências bibliográficas e protocolos mundiais em neonatologia.

“A ausência destes medicamentos compromete a qualidade da assistência médica, elevando o tempo de internação destes pacientes, aumentando a resistência bacteriana, culminando com o aumento do número de óbitos na Unidade”, escreveu.

Ela acrescentou, ainda no memorando, que a UTI Neonatal é a última chance de sobrevivência do bebê que nasce com algum comprometimento de saúde, bem como o lugar onde os pais depositam toda a sua expectativa e esperança em salvar a vida dos seus filhos.

“Infelizmente, sem os insumos necessários e adequados, nós como médicos especialistas, mesmo portadores de todo conhecimento para uma assistência de excelência, somos impedidos do bom exercício profissional devido as condições de trabalho estarem prejudicadas”.

Itens citados pela médica

No memorando, a profissional informou a falta de Ampicilina; Gentamicina; Amicacina; Ppieparcilina + Tazobactam; Oxacilina; Cefepime; Vancomicina; Anfotericina B Lipossomal; Metronidazol; Cefalotina; Cefazolina; Claritromicina e Clindamicina. Totalizando, assim, 13 tipos de remédios.

Por conta da “situação caótica em que se encontra a escassez de antibióticos e antifúngicos na UTI Neonatal”, conforme citou a médica, ela solicitou providências junto à Direção Geral e Direção Técnica da Maternidade.

“Solicito providências junto à Direção Geral, Direção Técnica, para aquisição junto à Secretaria Estadual de Saúde, o mais rápido possível, para que sejam tomadas providências, antes que culmine com aumento expressivo dos óbitos da única UTI neonatal do Estado de Roraima”, concluiu.

Denúncias

Apesar das denúncias da população e pedidos de providências dos profissionais, a Unidade permanece em situação de crise. Nesse ínterim, são casos de filas em corredores e risco de morte de pacientes que esperam quase 3 anos pela reforma da Maternidade.

Conhecida como “Maternidade de lona”, a unidade de Saúde funciona de forma improvisada na área em que anteriormente existia o Hospital de Campanha.

Denúncia de médica vira pauta na Assembleia

Desse modo, por causa da denúncia da médica da Maternidade, o deputado estadual da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) Dr. Claudio Cirurgião (União) enviou uma indicação ao governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), solicitando que a situação fosse regularizada com urgência.

“Dessa forma, considerando que o fornecimento gratuito de medicamentos integra as políticas de atendimento do Sistema Único de Saúde e, sendo a promoção da saúde pública um dever constitucional do Estado, destaca-se que é responsabilidade do Governo Estadual, por meio de convênios e até mesmo de recursos próprios, garantir a prestação dos serviços de saúde de forma prioritária e geral, dentre os quais se enquadra a distribuição gratuita de medicamentos”, destacou.

Por fim, o parlamentar acrescentou que tal medida garante os direitos fundamentais da população à dignidade da pessoa humana, à vida e à saúde, previstos no art. 5º, art. 1° art. 196 da Constituição Federal.

Em nota, a Secretaria de Saúde (Sesau) negou a falta dos remédios e disse, ainda, que realiza o repasse regular de medicamentos e insumos para as unidades da rede de saúde estadual, quando demandada pelos gestores.

EP Estado do Pará News com informações do Roraima em Tempo