Uma empresária do ramo erótico de Macapá surpreendeu a Justiça do Amapá com o processo incomum na esfera judicial. O caso aconteceu quando uma cliente comprou um vibrador de última geração, que custava R$ 350, e tentou dar o calote nela.
(Foto: André Silva / SN)
Ingrid Lóli, de 32 anos, é casada, mãe de dois filhos. Ela disse que a ideia de vender produtos eróticos apareceu quando estava com o marido em um sex shop da cidade.
A situação financeira estava difícil e ela buscava por trabalho. “Eu não conseguia emprego, tentei algumas áreas de venda, e não deu certo. Um dia fui com meu esposo em um sex shop comprar um produto adulto, e a atendente não soube me explicar como usava. Então pensei: Como ela vai me vender algo, se ela não sabe se funciona?”, disse.
Ela ainda ressalta que no começo foi difícil, principalmente dentro de casa por causa do preconceito. Demorou até todos entenderem que era apenas um trabalho.
“A gente ( ela e o marido) entrou em umas discursões, por causa dos julgamentos das pessoas. Hoje em dia, a gente conseguiu trabalhar isso. Ele leva numa boa e até ajuda com a criação dos conteúdos. Faz as minhas fotos me acompanha nos eventos”, disse a empreendedora.
Além de empreender, Ingrid também produz conteúdos sobre sexualidade na internet, além de dar palestra sobre o tema em eventos. Ela tem uma página no Instagram, onde usa o codinome Camapú.
A palavra é originária de uma árvore que dá um fruto que leva esse nome. Ela também é usada em expressões locais com conotação sexual como “espocar o camapú”, associada à perda da virgindade.
O calote
Camapú, como é conhecida entre os clientes, disse que o calote aconteceu bem no início da atividade como vendedora dos produtos, em 2021.
Ela contou que a cliente levou amigas para ver os produtos na casa dela, e, enquanto elas escolhiam os produtos, a mulher se encantou com um vibrador com características peculiares. Ele tinha 12 velocidades, 20 centímetros de comprimento e esquentava a região excitada.
“As amigas dela efetuaram o pagamento e ela me disse que trabalhava na área de estética e me ofereceu um serviço em troca. Como estava perto do mês das mães, aceitei, pois o procedimento ia dar de presente à minha mãe. Todas as vezes que minha mãe marcava o atendimento, acontecia algo. Em novembro de 2021, sete meses após a compra, mandei mensagem a ela cancelando a forma acertada, pois ela não fez o acordado. Pedi o valor e ela aceitou”, relatou.
Ingrid detalhou que a compradora chegou a enviar um valor, mas ele não cobria o preço do produto. Acertou que enviaria o restante quando recebesse o 13º salário. O que não aconteceu. “Fui no Super Fácil da zona sul, no box do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP). O atendente não queria fazer a abertura do processo. Levei tudo o que era necessário, e, mesmo assim, ele foi relutante. Eu expliquei que era produto erótico, e ainda assim, ele queria que eu ligasse, mandasse mensagem (para a cliente). Eu falei a ele que meu produto não era diferente de outros produtos. Eu já estava cansada, até que ele abriu, mas sem muitos detalhes”, lembrou.
Em outro de 2022, a cliente foi notificada e logo tratou de ligar para a vendedora. Ofereceu um acordo para pagar um valor menor do que ela devia. Ingrid recusou. houve a audiência e, desta vez, ocorreu o acerto. A compradora aceitou pagar o valor cobrado por Camapú. “Nem foi pelo dinheiro, mas sim de revolta. Enfrento, como mulher, preconceitos, termos pejorativos, taxada de doida, promíscua”, desabafou.
Atualmente, a loja Camapú Sex está fechada. A empresária teve que se afastar da atividade comercial porque precisou cuidar do filho caçula, que nasceu com espectro autista. Contudo, disse que continua produzindo conteúdo do segmento erótico nas redes sociais.
EP Estado do Pará News com informações Seles Nafes