O Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Daniel Nava, afirmou nesta quinta-feira (19), durante reunião do Fórum Permanente das Secretarias Municipais do Meio Ambiente do Amazonas (Fopes), realizada no Auditório da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), que os primeiros sinais da cheia do Rio Amazonas já iniciaram em cidades peruanas que fazem fronteira com o Estado.

(Foto: Reprodução)

Na afirmação, o especialista fez referência à nascente do rio Amazonas, localizada no Peru, em uma região montanhosa da América do Sul chamada Cordilheira dos Andes. Ele explicou sobre o processo de subida do rio em Iquitos, uma cidade às margens do rio Amazonas na selva peruana e disse que a instituição pretende durante o período de emergência, elaborar dois boletins por semana a respeito do movimento de cheia no Rio Amazonas.

“Temos monitorado a subida do rio além da climatologia do município de Tabatinga, distante a 1.106 km de Manaus e arredores, em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Já podemos dizer com um índice de acerto muito bom que Tabatinga já iniciou o processo de enchente. O processo de cheia já ocorre há pelo menos dez dias no Peru, na região de Iquitos, distante a 371 km de Tabatinga, com esses dados não podemos dizer que é um repiquete, pois isso já ocorreu. Hoje o rio, por exemplo, subiu 24 centímetros em Tabatinga. Mas esse movimento deve demorar de três a quatro semanas para ocorrer na capital ”, disse.

Demandas

A secretária de meio ambiente de Anamã, Mônica Valesca, apresentou um dos pedidos emergenciais do município à vice-governadoria “Entregamos um ofício para solicitar um carro-pipa para atender as necessidades da cidade, que vive uma realidade ímpar. Nós passamos seis meses na cheia e seis meses na seca. As casas nesses períodos trocam de fundo para se adaptar aos fenômenos naturais. Após a cheia, o fundo dessas casas é descartado embaixo da palafita e com isso, o risco de pegar fogo na cidade toda é imenso. Não temos carro-pipa, Equipamento de Proteção Individual (EPI), Corpo de Bombeiros ou hidrantes para combater os incêndios”, explicou.

A presidente do Fopes, Jane Crespo, reuniu os representantes das pastas municipais ambientais para receber os planos de contingências e intermediar soluções entre os entes estaduais e federais. “Temos muitas demandas mas vamos fazer tudo que for possível para atender essas necessidades para que a gente possa construir esse processo. Estamos acompanhando esse fenômenos climáticos atípicos e trocando informações e soluções entre nós”, detalhou. 

O representante do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), André Lima, ressaltou a importância da água em um Estado regido pelas águas.”Nesse sentido, existe um esforço para se combater os focos de incêndios, assim como a necessidade de nós mantermos um reconhecimento da gravidade da emergência e das ações de enfrentamento à estiagem. A partir da declaração de escassez crítica do rio Madeira foi tomada toda uma ação de contingência, que envolve o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com dragagem do rio, além de outras medidas que envolvem o Marco Regulatório do Novo Saneamento Básicos, como atualização de informações municipais sobre a escavação de poços artesianos, que são de extrema importância para abastecimento da população mediante emergência como a estiagem. Que as secretarias possam viabilizar o envio das informações técnicas das perfurações para o Ipaam, para que assim que sairmos da situação de emergência, a gente possa mapear as coordenadas dos poços e desenvolver políticas para manutenção desses lençóis aquíferos”, ponderou.

Ajuda

De acordo com o secretário do meio ambiente de Lábrea, Daniel Santiago, está entre as principais necessidades de recursos para o município, a liberação do Fundo Amazônia para fortalecimento institucional. “A verba serviria para implantação da sala de monitoramento, investimento e estrutura física, bem como a capacitação de agentes ambientais, melhoria nos controles de licenciamento e investimento em agricultura agroflorestal”, afirmou.

No entanto, as previsões não são nada animadoras apesar de toda a articulação. “Estamos em contato com o comitê gestor da Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento, gestão territorial e clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Mas tudo isso é a longo prazo, para 2024 e 2025. Infelizmente não haverá nada a ser aplicado a curto prazo. Esse é um dos maiores desafios, aplicar o planejamento, enquadrar todos os projetos e fazer a gestão deste períodos de dois anos”, finalizou.

Estavam presentes na reunião do Fórum Permanente das Secretarias Municipais do Meio Ambiente do Amazonas (Fopes), os representantes de Tapauá, Canutama, Careiro Castanho, Nhamundá, Novo Airão, Humaitá, Jutaí, Fonte Boa, Anamã, Careiro da Várzea, Presidente Figueiredo, Manicoré, Codajás, Santa Isabel do Rio Negro e Rio Preto da Eva.

Na Fopes, estavam presentes também representantes da Vice-governadoria do Amazonas, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e da Defesa Civil do Amazonas.

O encontro da Fopes continua ainda nesta sexta-feira, (20), a reunião do colegiado com autoridades estaduais e federais para discutir soluções em meio à crise climática no Amazonas. A reunião, segundo os secretários, é o momento de solicitar mais suporte dos governos

Estado do Pará News com informações A Crítica