Familiares e amigos do jogador de futebol Romário Cavalcante, de 24 anos, encontrado morto na manhã desta terça-feira (29) no Rio Negro, próximo à orla do bairro São Raimundo, Zona Oeste de Manaus, realizaram uma manifestação para pedir justiça. Eles afirmam que, antes de desaparecer nas águas, Romário foi alvo de disparos efetuados por policiais militares durante uma abordagem na noite de segunda-feira (28).

Em nota, a Polícia Militar informou que uma investigação interna vai ser aberta para apurar as circunstâncias do ocorrido. A corporação esclareceu que, na noite de segunda-feira, a equipe da 5ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) recebeu denúncias sobre um grupo suspeito de estar envolvido na venda de drogas na rua Virgílio Ramos, no bairro São Raimundo, e, em resposta, realizou uma operação na área.

Ainda em nota, a PM explicou que os policiais militares envolvidos na abordagem conseguiram prender um homem ao chegarem ao local, enquanto outros dois se jogaram no Rio Negro. Um dos homens foi resgatado posteriormente, mas o terceiro, identificado como Romário, não foi localizado.

No fim da tarde de terça-feira, familiares de Romário se reuniram em uma manifestação na Rua 5 de Setembro, no bairro São Raimundo. Com cartazes e barricadas na via, eles afirmaram que o jovem foi morto por policiais militares enquanto estava na orla com outros dois amigos.

“Ele estava com os amigos quando a viatura chegou e começou a atirar. Após o desaparecimento dele no rio, a vizinhança desceu em peso; mais de 50 amigos foram atrás do corpo quando souberam que o tiro foi naquela direção. Mas não encontraram o corpo, porque o jogaram na água após os disparos,” relatou a tia da vítima, Tely Pinheiro.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a corporação foi acionada por familiares de Romário na noite de segunda-feira para realizar buscas pelo corpo do jogador de futebol, mas a operação foi encerrada sem sucesso. Na manhã desta terça, os bombeiros retomaram as buscas e localizaram o corpo da vítima, que foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML).

De acordo com vídeos gravados na noite da abordagem, pelo menos dois policiais militares, lotados na 5ª Cicom, foram vistos deixando o local na viatura de número 25-7403 CPA OESTE, com a placa QZA8D41. 

Durante o protesto, diversas viaturas da Polícia Militar estiveram presentes para conter os ânimos dos manifestantes, que chegaram a atear fogo em pneus na via.

A esposa de Romário, Elizabeth Sales, relatou que ele estava sofrendo perseguição por parte de alguns policiais após ser preso há cerca de quatro meses na orla do bairro. Ela explicou que, na ocasião, os policiais alegaram que ele estava com drogas. Segundo Elizabeth, no momento da abordagem, Romário estava com o pai, com quem trabalha em uma vidraçaria, e nenhum entorpecente foi encontrado.

“Não pegaram droga com ele, não pegaram nada. Ele estava com o pai dele, trabalha com o pai dele na vidraçaria. Ele nunca teve envolvimento com nada, nunca teve. O negócio do Romário era jogar bola, ele era um menino animado, divertido. Se vocês olharem as redes sociais, vão ver: todo mundo brincando com ele”, afirmou Elizabeth.

Conforme o laudo preliminar de necropsia divulgado pelo IML, a morte de Romário ainda apresenta causa indeterminada, pois o cadáver foi encontrado semi-esqueletizado. O caso é investigado pela Polícia Civil.

A Polícia Militar destacou em nota que, em relação às acusações sobre a conduta de seus agentes durante a ocorrência, a população pode denunciar qualquer irregularidade cometida por eles por meio dos canais oficiais do Sistema de Segurança Pública.

Em nota publicada nas redes sociais, o Sul América Esporte Clube, time de futebol do qual Romário fazia parte, lamentou a morte do atleta. Veja abaixo.

“O Sul América Esporte Clube lamenta profundamente o falecimento do seu ex-atleta Romário Cavalcante, mais conhecido como Romarinho. Nossos sentimentos a familiares e amigos neste momento delicado e que Deus conforte o coração de todos”, diz o comunicado.

Fonte: G1 Amazonas

 (Foto: Reprodução / Redes Sociais)