A prisão de oito pessoas com cocaína em malas prontas para embarcar do aeroporto de Fortaleza para Portugal, no último dia 30 de abril, chamou a atenção da PF (Polícia Federal) pelo método usado.

(Foto: Divulgação / PF)

O que ocorreu

As malas despachadas eram idênticas em marca, modelo e tamanho. A forma como a droga estava escondida —dentro da estrutura do material— também era igual em todas elas. A única diferença era a cor.

Até então, a PF não tinha visto caso de oito pessoas tentarem embarcar juntas em um mesmo voo com drogas. Em regra, as “mulas”, como esses transportadores são chamados, viajam sozinhas para destinos internacionais.

Os suspeitos disseram que receberam R$ 15 mil, cada um, para levar a mala até Lisboa. Cada pessoa despachou uma mala com cerca de 3 kg de cocaína.

No dia seguinte, após a polícia portuguesa ser informada da apreensão e prisões em Fortaleza, drogas em malas similares foram pegas com passageiros de voo saídos do Recife. Eles chegaram quase no mesmo horário que chegaria o voo da capital cearense.

Em Portugal, quatro pessoas foram presas, com um total de 7 kg de cocaína, segundo apuração do jornal “O Povo”.

Pelos altos valores, não está descartada que o esquema seja operado por uma grande facção criminosa.

“A gente vê isso como uma [nova] estratégia. Já se conhecia há tempos o uso das ‘mulas’, ou correios de tráfico, como chamam em Portugal, para enviar droga; mas eles viajam sempre só até para diminuir o risco de ser pego. Ter oito em um voo é inédito”. Alan Robson Alexandrino, chefe da Delegacia Regional da PF.

Os suspeitos informaram que, além dos valores que receberiam, tiveram despesas de passagens, hospedagem e alimentação pagas pelo grupo criminoso.

Um inquérito foi aberto pela PF no Ceará para saber quem são os financiadores da operação.

Sobre as prisões em Fortaleza.

Dos oito detidos, cinco são mulheres. Todos são da Bahia e do Amazonas, com idades de 20 a 30 anos. O perfil similar também chamou a atenção das autoridades.

Nenhum dos suspeitos tinha viajado antes ao exterior e estavam em hotéis diferentes de Fortaleza até embarcarem. Eles alegaram, em depoimentos, que aceitaram as propostas por condições financeiras precárias.

Todos foram presos em flagrante. Se condenados, podem pegar penas de até 25 anos de prisão.

Cão Kano, o farejador.

Quem achou a droga foi um cão novato nas operações da PF cearense: Kano, um pastor alemão de apenas dois anos de idade. “Ele acabou de chegar, tem um mês nas operações e já fez essa descoberta”, diz Alan.

O delegado da PF afirma que a apreensão ocorreu de forma casual, por meio de rastreio de rotina após o despacho das malas para o voo.

“Fortaleza-Lisboa é uma rota diária aqui, e é bem comum traficantes usarem ela para envio de drogas. Já percebemos isso em outras ocasiões. Às vezes Portugal é só uma conexão, e a droga segue para outros destinos da Europa, para Dubai… não há destino único”. Alan Robson Alexandrino, delegado.

Rota mais curta.

Os aeroportos de Fortaleza e do Recife são rotineiramente usados para envio de drogas por conta da maior proximidade de centros de recepção na Europa e EUA.

“Vai tudo ser investigado, foram apreendidos os celulares das pessoas. Vamos saber se estavam a serviço de uma facção, ou se é um grupo forte de traficantes. Só sabemos que são pessoas com alto poder financeiro pelos recursos empregados nessa operação. Só uma passagem ida e volta custa R$ 4 mil”. Alan Robson Alexandrino, delegado.

Fonte: Uol Notícias