Os pagamentos da propina feitos em dinheiro vivo, de acordo com os registros e planilhas da empreiteira Odebrecht foram repassados ao ex-senador ao ex-senador Luiz Otávio Campos (MDB-PA), em endereços ligados ao ex-parlamentar.
Foto: Reprodução
Campos foi preso temporariamente na quinta-feira (9), pela Polícia Federal na Operação Fora da Caixa, um desdobramento da Lava-Jato.
Os dados da Odebrecht são as principais provas contra o ex-senador, investigado pela captação de caixa dois para a campanha de 2014 do atual governador do Pará Helder Barbalho (MDB). Luiz Otávio conseguiu um alvará de soltura no final da tarde da quinta-feira, após a PF realizar mandados de busca e apreensão em suas residências, em Belém, Brasília e também no Tocantins.
O dinheiro foram provenientes das obras da hidrelétrica de Belo Monte, que segundo as investigações, faziam parte de um acerto das empreiteiras com políticos do MDB em troca do contrato para construção da hidrelétrica.
O relatório da PF aponta que houve pagamentos destinados a Luiz Otávio em dois endereços: uma cobertura em Ipanema, no Rio, ocupada por um sobrinho dele e um apartamento em São Paulo, onde também mora um parente seu.
Nas planilhas de propina da Odebrecht constam os registros da empreiteira, que eram usados como base para a programação das entregas de dinheiro. Os nomes dos sobrinhos de Luiz Otávio como possíveis recebedores dos valores estão neste documento, agora de posse da Polícia Federal.
Os pagamentos destinados a Luiz Otávio totalizavam R$ 4,5 milhões. “Observa-se que, no total, a programação de pagamentos envolveu a quantia de R$ 4,5 milhões, dividida em entregas alternadas entre São Paulo e Rio de Janeiro”, informa o relatório da PF.
A cobertura em Ipanema, localizada na avenida Vieira Souto, foi alugada por um amigo de Luiz Otávio a pedido dele próprio. Esse amigo confirmou à PF a transação e disse que era Luiz Otávio quem pagava as despesas, como o aluguel no valor de R$ 50 mil mensais. As planilhas da corretora de valores Hoya, responsável por realizar entregas de dinheiro para a Odebrecht, também registraram dois repasses no Rio a codinomes ligados a Luiz Otávio: R$ 500 mil para “Nevoeiro” em 2 de outubro de 2014 e R$ 500 mil para “Charuto” em 15 de outubro de 2014.
As entregas na capital paulista ocorreram em um apartamento na rua Bela Cintra, zona nobre de São Paulo, alugado pelo mesmo amigo do ex-senador, Antônio Carlos Borges de Britto, que é casado com a irmã de Luiz Otávio. Britto admitiu à PF que o apartamento era destinado à moradia de suas filhas, consideradas como sobrinhas por Luiz Otávio.
Dentre as provas encontradas pela PF estão conversas entre os entregadores de dinheiro da Hoya e depoimentos deles, comprovando que estiveram no endereço da Bela Cintra para levar os valores destinados a Luiz Otávio. “São abundantes, portanto, os indícios de que os valores provenientes da Odebrecht chegaram às mãos de Antônio Carlos Borges de Britto, em diversas oportunidades, no endereço da Rua Bela Cintra”, escreveu a PF no relatório.
No entanto, Luiz Otávio Campos confirmou ter solicitado doações eleitorais aos empreiteiros de Belo Monte, mas negou ter recebido caixa dois em dinheiro vivo.
Ele informou que: “todos os representantes das empresas informaram e condicionaram a doação ao devido registro perante os órgãos eleitorais” e que “na ocasião informou as contas para doações eleitorais aos pretensos doadores”.
Antônio Carlos Borges de Britto afirmou não se recordar se recebeu alguma das quatro parcelas de R$ 500 mil supostamente pagas pela Odebrecht a Luiz Otávio no apartamento em São Paulo, onde residiam suas filhas.
O governador Helder Barbalho afirmou que não foi alvo da operação da PF e disse que só recebeu doações legalmente registradas. “As doações oriundas da empresa Odebrecht foram integralmente declaradas ao TRE e minhas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral. Reitero o compromisso com a lisura de todo processo eleitoral e com o trabalho da Justiça”, justificou Helder Barbalho.
Fonte: O Globo
Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do EP Estado do Pará News no (93) 99113-7585