Os profissionais de saúde estão na linha de frente na luta contra a disseminação do coronavírus em Roraima. Após a confirmação de dois casos em Boa Vista, servidores relataram à reportagem insegurança e descaso do governo em relação às medidas de prevenção nas unidades.

Foto: Arquivo / Roraima em Tempo / Edinaldo Morais

Funcionários do Hospital Geral de Roraima (HGR) e do Hospital das Clínicas Dr. Wilson Franco Rodrigues( HC), que preferem não ser identificados, contaram à reportagem que faltam Equipamentos de Proteção Individual, os chamados EPIs. Além disso, sofrem com a falta de orientação e treinamento frente à Covid-19.

“Estamos sem proteção, somente os médicos têm máscara e capote, que usamos por cima da roupa. Os enfermeiros que trabalham onde estão casos mais graves de doença estão vulneráveis. O governo demora para se pronunciar e está fazendo uma maquiagem nas unidades”, criticou um dos servidores do Hospital das Clínicas.

Conforme o Ministério da Saúde (MS), profissionais da área que lidam diretamente com pacientes com os sintomas da doença e que apresentam secreção precisam estar de máscara e luvas. Nos casos mais graves, avental, touca, óculos e bota. Mas isso não ocorre no HC, segundo o enfermeiro.

“Fiz uma máscara com garrafa pet para me proteger. Acredito que o governo está sendo omisso tentando esconder a verdadeira situação”, enfatizou.

Segundo o servidor, além dos profissionais, os pacientes também temem os riscos, mas recebem orientações no hospital. “Estamos conversando com alguns pacientes, orientando sobre os cuidados que eles têm que ter. Até porque estão dando altas para alguns”, acrescentou.

NO HGR

O medo também é presente na maior unidade de saúde de Roraima, o HGR, devido aos riscos de contágio pela falta de EPIs, de acordo com o relato de uma servidora.

“Trabalho com curativo de alta complexidade e espero que a população entenda que não somos super heróis e sim seres humanos. Não vamos deixar de levantar a problemática da nossa situação de sempre, que é o descaso com a saúde. O governo disse que chegou EPI, mas não atende a todos”, frisou a técnica de enfermagem.

Ela afirmou que um dos problemas que gera indignação nos servidores é a falta de treinamento e orientações por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

“Alguns tiveram orientação, nós não tivemos. Quando o paciente chega na unidade pela porta de entrada com suspeita ou com qualquer outro sintoma parecido não temos EPIs e os que têm não são adequados e de péssima qualidade. O que sabemos é o que a mídia está falando”, declarou.

A servidora enfatizou também que o ponto eletrônico do HGR gera aglomeração no prédio e não há álcool em gel para higienização. “Todos os dias quando chegamos temos 15 minutos para bater o ponto e isso gera transtorno e aglomeração. Nos coloca ainda mais em risco, porque não tem álcool em gel na portaria”, lamentou.

Para a técnica, as alternativas encontradas para enfrentar os problemas foram orientações com a família.

“Na unidade  trocamos nossa roupa, temos o cuidado de vir e fazer todos os procedimentos, pois tenho uma mãe de 69 anos, um pai cadeirante. Minha mãe deixou baldinho para higienizar as roupas quando chego e digo para meus amigos fazerem o mesmo. A situação é real, ressaltei em casa que todos devem ficar em quarentena”, finalizou.

CITADA

A Sesau esclarece que tem realizado o encaminhamento de EPI para todas as unidades hospitalares do Estado. O envio desses itens é contínuo, sendo reforçado atualmente por conta da pandemia do novo coronavírus, estando à disposição dos profissionais que atuam diretamente com atendimento de pacientes.

O Hospital Geral recebeu 1 mil máscaras de proteção, 10 galões de álcool de 5 litros, 36 galões de álcool de 500 ml, 1 mil gorros de proteção, 50 macacões cirúrgicos e 03 dispensers para álcool em gel.

Para o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré foram encaminhadas 1.050 máscaras de proteção, 7 mil luvas cirúrgicas, 15 galões de álcool de 5 litros e 40 macacões cirúrgicos.

O Hospital das Clínicas Dr. Wilson Franco também é outra unidade contemplada, recebendo durante o último fim de semana 470 máscaras de proteção, 6 galões de álcool de 5 litros, 36 galões de álcool de 500 ml, 1.500 gorros e 05 dispensers para álcool em gel.

A Secretaria reforça que todas as unidades estão sendo atendidas conforme cronograma da Coordenadoria Geral de Assistência Farmacêutica.

Redação Integrada com informações de Yara Walker

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