O amor pelo Flamengo motivou o ciclista Gabriel Teixeira Marques, de 31 anos, a viajar 5.835km sobre duas rodas, de Boa Vista-RR para Montevidéu, capital do Uruguai, que receberá no próximo sábado (27), às 17h (de Brasília), a final da Libertadores, entre os rubro-negros e o Palmeiras. Para se ter uma ideia, o percurso equivale a 15% de uma volta completa pelo planeta Terra.
(Foto: @nacaobrfla / Instagram)
Mesmo sem ingresso, ele disse que a ideia é só estar perto do time do coração. “Nem tinha muito essa expectativa de ter ingresso. Era pra ir até o estádio e acompanhar ao redor, assim como eu creio que muitos farão participar da comemoração, caso vençamos. E já tá ótimo”, disse o flamenguista.
Gabriel Teixeira Marques pretendia se manter no anonimato, mas a viagem sobre duas rodas pelo Brasil ganhou repercussão que nem ele mesmo imaginou. “É um projeto pessoal, que acabou saindo do controle. Sempre busquei o anonimato. Não esperava essa repercussão toda”, explicou.
No último fim de semana, um perfil de torcedores do Flamengo no Instagram revelou a história dele que, na ocasião estava em Tubarão (SC) e não teria tempo para chegar a Montevidéu, para ficar perto do Mengão. Por isso, a página organizou uma vaquinha para ajudá-lo a pegar um ônibus para Rio Grande (RS), 540km distante do município catarinense.
Gabriel Teixeira ganhou a passagem e, na bagagem, levou sua bike para o Rio Grande do Sul e, depois de alcançar o primeiro objetivo, agradeceu à torcida, mas pediu nas redes sociais para que torcedores parassem de mandar doações em dinheiro. O trajeto até a capital uruguaia é narrado por ele diariamente no perfil @embuapedaltrip, no Instagram.
Em suas últimas publicações no Instagram, ele revelou ter pedalado 130km em apenas um dia e que dormiria em um posto de gasolina de Santa Vitória do Palmar (RS), na fronteira com o Uruguai. A cidade fica a 350km de Montevidéu.
Em Boa Vista, familiares do ciclista revelaram que Gabriel Teixeira Marques deixou Boa Vista de bike, no dia 14 de agosto, sem avisar ninguém, como “válvula de escape” para um momento delicado que ele vivia emocionalmente, depois de perder o avô de 96 anos para a Covid-19, em fevereiro, em Manaus. Três dias antes, o Flamengo vencera o Olimpia por 4 a 1 e a Libertadores estava nas quartas de final.
Segundo o irmão, Marcel Teixeira Marques, familiares tinham o ciclista como “desaparecido”. “Por um acaso, a minha irmã encontrou ele nas redes sociais, na página de torcedores no Instagram e ficamos felizes em ter notícias dele, mas ele não nos responde”, disse.
A irmã de Gabriel, Gizele Marques, disse se preocupar com o irmão, ao mesmo tempo em que diz respeitar a decisão dele. “No início do ano, o avô de 96 anos, ficou com Covid e precisava da ajuda dele em Manaus pra acompanhá-lo. Mas meu avó faleceu. Meu irmão ainda ficou um tempinho em Manaus trabalhando numa lojinha. Quando voltou pra Boa Vista, pediu a bicicleta da minha mãe, essa que ele tá usando, pra consertá-la, acho que preparando pra viagem, e começou a fazer bicos, serviços gerais e passou quase duas semanas só ajeitando as coisas e não falava muito sobre isso. A minha mãe acha que a morte do avô, o que ele viu nos hospitais, afetou ele de alguma forma, e acredito que ele fez esse plano de viagem como uma válvula de escape”, relatou.
Com informações da Folha BV