Um grupo de brasileiros que ficou retido na Venezuela após a proibição de viagens aéreas e terrestres no país devido à pandemia de coronavírus aguarda há quase um mês por notícias sobre uma possível repatriação.

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A situação é agravada pelo fechamento definitivo da embaixada e do consulado em Caracas no último mês, em um contexto de crise diplomática entre os dois países.

Além disso, a alta no preço de alimentos durante a quarentena, a falta de gás, energia elétrica e até água – o que impede a higienização recomendada para proteção contra o vírus – e o racionamento de combustível que fez o produto praticamente desaparecer do mercado tornam a rotina país, já precária por causa da crise econômica, ainda pior durante a pandemia.

Caso consigam chegar até a fronteira com Roraima, os brasileiros poderão atravessar, pois a entrada de cidadãos está autorizada. O problema é chegar até lá, pois as entradas e saídas das cidades estão fechadas.

Durante a quarentena, Maduro anunciou um racionamento e atribuiu o problema ao bloqueio naval dos EUA, que estaria impedindo a chegada de insumos necessários para a produção do combustível.

Apesar de ter as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela enfrenta escassez de gasolina há algum tempo, com filas enormes de veículos nos postos para abastecer. Entre as explicações, a deterioração da infraestrutura das refinarias, que trabalham com baixíssima capacidade, a falta de investimento e a corrupção na empresa estatal que cuida do setor.

A reportagem soube que há ao menos quatro brasileiros na mesma situação de Thawler – ou seja, não residem na Venezuela e ficaram retidos no país após a quarentena. O grupo soube ainda de outras três pessoas que seguem no país, ou seja, seriam ao menos oito. O Itamaraty não informou quantos entraram em contato para pedir repatriação.

Começou a circular entre esses brasileiros a notícia de que um voo da FAB (Força Aérea Brasileira) sairá da Venezuela no dia 17, levando funcionários do Itamaraty que ainda estão lá, mas não há confirmação de que haverá espaço para os visitantes que querem a repatriação.

Questionado, o Itamaraty confirmou que enviará uma aeronave para buscar seus funcionários e que, em um primeiro momento, não havia sido planejada a inclusão desses brasileiros não residentes retidos, pois estavam sendo buscadas outras soluções para eles.

“Não tendo frutificado as outras soluções, estamos negociando junto à FAB a inclusão desses nacionais no voo que trará os funcionários do governo brasileiro, em data ainda a ser definida e que depende da finalização de sua missão em Caracas”, diz a nota.

A falta de informações é uma queixa comum a brasileiros nessa situação. Um deles é o internacionalista Frank Padilha, 23, que mora em Manaus e no dia 11 de março foi visitar a mãe, a irmã e a tia na cidade de Valencia, no norte venezuelano. Seu voo de volta foi cancelado e adiado duas vezes – a última, para 2 de maio, mas esse também foi cancelado.

“Contatei o Itamaraty várias vezes, preenchi três vezes os formulários deles e da Anac, tentei ligar várias vezes para o número do plantão consular, falei com números em Brasília. Até agora não sei se vou conseguir voltar.”

A família está há uma semana sem água e não consegue encontrar no mercado álcool em gel nem gás – um fogareiro elétrico que compraram permite que continuem cozinhando. Eles também estão há três semanas sem internet.

Redação integrada com Informações Folhapress

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